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“Tem uma sucuri na plataforma”

Publicado 17.2.2022

O campo Auca, localizado na província de Orellana, onde também fica o parque Yasuní, no Equador, é uma das áreas de maior biodiversidade por metro quadrado do planeta. No projeto executado pela CPP, filial da Techint E&C, a gestão ambiental tem um papel preponderante. Saiba como é feito o resgate de espécies em um cenário no qual a natureza é a protagonista.

Um dia Isabel Intriago, que trabalha na área ambiental da CCP no projeto Auca, recebeu a seguinte mensagem: “Tem uma sucuri na plataforma, você precisa ir lá ver e resgatá-la.” Ela conta: “Tinham tirado uma foto com o zoom e parecia enorme. Precisei respirar fundo, deixar o medo de lado e enfrentar a situação. Ao chegar ao local, vi que a cobra não era tão grande quanto na foto”. Junto com o pessoal da equipe foram realizadas as tarefas de resgate e o animal foi colocado em um saco branco – para que não tivesse visão e não se estressasse – para depois ser libertado.

Essa é uma tarefa habitual para a equipe de Qualidade, Meio Ambiente e Saúde (CMASS) da empresa no campo Auca, no Equador.

O resgate e realocação de espécies constituem um dos pilares fundamentais desse projeto situado no coração da Amazônia. O canteiro de obras da CPP se encontra em Parroquia Dayuma, na província de Orellana. Lá também ficam as oficinas, tanto civil como mecânica e elétrica, onde são realizados os trabalhos de pré-fabricação, que depois são levados para as plataformas distribuídas dentro do bloco Auca, operado pela empresa Petroecuador. 

Para trabalhar nas plataformas atuais, a CPP conta com um Plano de Gestão Integral de Flora e Fauna. “Quando o pessoal identifica uma espécie, informa imediatamente à nossa equipe de CMASS. Nós nos aproximamos, resgatamos a espécie, avaliamos e depois a realocamos, caso não esteja ferida”, explica Isabel.

Cada caso é notificado ao cliente e ao Ministério de Meio Ambiente e Água do Equador (MAAE), que é a agência de controle. Se a espécie estiver ferida, monitores ambientais se encarregam de levá-la para o zoológico da província a fim de ser avaliada pelo veterinário e colocada em quarentena até se saber se é seguro reinseri-la na natureza.

No campo Auca, todos os animais encontrados são resgatados. Até agora foram 42 espécies, entre aves, mamíferos, répteis e peixes.

A CPP também constrói novas plataformas, o que exige derrubar a vegetação para entrar. Nesses casos, o trabalho é diretamente com o cliente. Biólogos especializados fazem os resgates correspondentes de espécies, antes da chegada do pessoal da empresa.

“No projeto buscamos contribuir com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável N°15 da ONU, que solicita reiteradamente gerir as florestas de maneira sustentável, lutar contra a desertificação, deter e reverter a degradação das terras e deter a perda de biodiversidade”, diz Isabel.

Yasuni, santuário de biodiversidade

A Reserva de Biosfera Yasuní se encontra na região amazônica, nas províncias de Orellana e Napo. O ecossistema predominante é a floresta úmida tropical chuvosa, parte da bacia alta do Amazonas. A Reserva de Biosfera Yasuní está catalogada como uma das regiões de maior diversidade por metro quadrado do planeta. As pesquisas realizadas na última década apresentam números impressionantes nunca registrados em nenhuma outra área de floresta tropical da região. Embora os dados possam variar com o passar dos anos, eles dão uma ideia do que esse parque nacional abriga: mais de 2.000 espécies de árvores e arbustos, 204 espécies de mamíferos, 610 espécies de aves, 121 de répteis, 150 de anfíbios e mais de 250 espécies de peixes. Além disso, há rios largos que transbordam com chuvas torrenciais.

Ao excepcional valor da região em termos de biodiversidade devemos acrescentar seu papel na geração de incontáveis funções ecossistêmicas, e na prestação de bens e serviços para o ser humano, como o fornecimento de água, a regulação hidrológica, o potencial econômico que as espécies vegetais têm para um uso sustentável e a importante contribuição da floresta amazônica para a regulação do clima global por meio da captura de carbono.

Dentro do parque vivem povos indígenas de isolamento voluntário, como os tagaeri e os taromenane. Para a proteção deles e da biodiversidade, em 1999 foi criada a Zona Intangível Tagaeri-Taromenane. O Parque Nacional Yasuní, a Zona Intangível e o território waorani adjacente foram declarados Reserva da Biosfera pela Unesco em 1989.

CURIOSIDADES DO CAMPO AUCA

O animal mais raro encontrado

A enguia elétrica, que vive nos manguezais e foi achada em várias plataformas.

O animal mais perigoso

A cobra echis, que é muito venenosa. “Uma vez encontramos uma dentro do canteiro de obras. Ela estava muito irritada, ficava em posição de defesa, se enrolava toda e deixava a cabeça levantada para pegar impulso e atacar. Para resgatá-la precisamos de quatro pessoas: três para fazer as manobras de resgate e uma para abrir o recipiente onde íamos colocá-la”, conta Isabel.

O animal mais dócil

O bicho-preguiça. Vários exemplares se aproximaram do canteiro de obra ou das plataformas, precisaram ser resgatados e realocados. 

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