O desafio de transportar e instalar o coração de uma termelétrica no interior do nordeste brasileiro
Publicado 8.4.2021
A poucos dias antes do Natal, os trabalhos na Usina Termelétrica Parnaíba V em Santo Antônio dos Lopes, interior do Maranhão, estavam a todo o vapor. A equipe da Techint Engenharia e Construção chegou no local às 4h da manhã do dia 23 de dezembro de 2020 para uma tarefa crucial: instalar o gerador da General Electric de 360 toneladas que foi içado a uma altura de 19 metros – o equivalente a um prédio de cinco andares, além de um deslocamento horizontal de 47 metros até a sua base. Toda a operação de montagem do gerador durou cerca de 17 horas. A UTE Parnaíba V está sendo construída pela Techint e vai ampliar a segurança do sistema elétrico nacional.
Após percorrer 290 km do Porto de Itaqui, em São Luís, rumo ao interior do Maranhão, o equipamento será o coração da usina termelétrica de Parnaíba V e vai gerar 385 MW de potência para o Complexo Termelétrico Parnaíba da Eneva, empresa brasileira integrada de energia que une a atividade de exploração e produção de gás natural em terra à geração de energia. A companhia é responsável por 46% da capacidade instalada de geração térmica do subsistema Norte e 11% da capacidade instalada de geração a gás do país.
O gerador da termelétrica cruzou de madrugada a BR-135 em uma das maiores operações logísticas do país: o transporte especial que levou o gerador passava de 100 metros de comprimento. O conjunto do equipamento mais o transporte passa de 700 toneladas. O trajeto passa ainda por 10 pontes que requereram reforço estrutural. Para isso, a empresa responsável pelo transporte desenvolveu uma “sobre ponte” metálica. Foram mais de 30 empresas e autoridades envolvidas na operação, que foi validada pelos órgãos competentes, nas esferas municipal, estadual e federal.
“Foram 15 dias de preparação antes do início da montagem com fabricação de plataformas, instalação de trilhos, energia elétrica, duas torres e vigas apenas para erguer o gerador”, disse Pedro Mellucci, Gerente de Construção no projeto Parnaíba V. “O içamento foi um dos maiores marcos do projeto em termos de complexidade, desde a importação, transporte e instalação, o que demandou um esforço de todos nós.”
Experiente em içamentos deste tipo, Pedro já havia trabalhando em grandes operações de levantar estruturas de até 2.000 toneladas, mas com um super guindaste, como foi o caso da P-76. Em Parnaíba V, em vez de um guindaste foi usado o sistema de strand jacks, que consiste em macacos para içamento com cordoalhas – cabos produzidos com arame de aço.
Turbinas e chaminés instaladas
Em janeiro, foram instaladas as turbinas de média e alta pressão na base de concreto do projeto Parnaíba V, dando forma ao conjunto turbina-gerador, responsável por transformar a energia mecânica, oriunda do vapor das caldeiras, em energia elétrica, para distribuição na subestação de 500 KV da planta. Foram mais de 9 horas de trabalho para movimentar a turbina de 155 toneladas até sua base, a 17 metros de altura e a 20 metros de distância do ponto inicial.
Também em janeiro foi realizado o içamento do 3º tramo da chaminé da caldeira 31. A peça, que pesa 29 toneladas, foi içada a 28 metros de altura, com ajuda de dois guindastes de capacidade nominal de 220 toneladas. Toda a operação foi planejada para garantir o sincronismo dos guindastes e o correto equilíbrio da peça até que chegar a sua posição final.